TODOS DEVEM SE CASAR?

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“Alguns são eunucos porque nasceram assim; outros foram feitos assim pelos homens; outros ainda se fizeram eunucos por causa do Reino dos céus. Quem puder aceitar isso, aceite”.Mateus 19:12

Como tenho escrito nos textos anteriores, é dever do homem, segundo a Bíblia casar-se e formar uma família, a fim de que desse modo cumpra o seu mandato cultural e represente o relacionamento de Cristo com a Igreja. Contudo, a Bíblia também relata que embora essa seja uma regra geral para todos os homens, há algumas exceções. O que significa que alguns homens, por determinadas razões não devem se casar, mas permanecerem solteiros. Isso é algo que para nós parece quase inconcebível, uma vez que não estamos acostumados com a idéia do celibato em nossa cultura reformada. Entretanto, isso é algo que está presente ao longo de toda a Bíblia.

No Antigo Testamento, o casamento tinha um papel muito importante no processo de redenção, uma vez que desde a queda, o povo de Israel passou a esperar o nascimento do messias, daquele que esmagaria a cabeça da serpente, como fala a profecia de Gênesis 2. Por isso, era imprescindível que os homens constituíssem famílias e procriassem, a fim de aumentar o número do povo de Deus e possibilitar a vinda física de Jesus. Desse modo, os homens que não se casavam eram excluídos de uma série de benefícios da sociedade judaica e terminava sendo de certo modo marginalizado da mesma. Contudo, ainda assim, Deus usou grandes homens solteiros durante todo esse período. É o caso de Jeremias, Elias, Eliseu, Daniel e Jonas, grandes profetas de fundamental importância no plano da redenção. Os quais apontaram diretamente para Cristo e o Seu tipo de ministério, que deveria ser desempenhado por um homem solteiro. Além de prefigurar a natureza da Igreja e da salvação dentro da Nova Aliança no Novo Testamento. Não é à toa, que o profeta Isaías, confronta os costumes de sua época e em uma profecia messiânica consola os eunucos:

Pois assim diz o Senhor: “Aos eunucos que guardarem os meus sábados, que escolherem o que me agrada e se apegarem à minha aliança,
a eles darei, dentro de meu templo e dos seus muros, um memorial e um nome melhor do que filhos e filhas, um nome eterno, que não será eliminado.
Isaías 56:4-5

No Novo Testamento, com a vinda do Reino e do messias, a salvação não mais está relacionada aos laços étnicos e sanguíneos de um povo, mas sim à fé, trazendo uma nova reconfiguração ao papel da família. Segundo o próprio Jesus, a sua verdadeira família eram aqueles que faziam a Sua vontade, chocando completamente a cultura judaica, na qual o casamento era um grande ídolo (Marcos 3.33-35). Além disso, Jesus deixou claro que embora o casamento fosse um mandamento de Deus para os homens, nem todos estavam aptos para isso. Ele mesmo não seria capaz de ter uma família na terra e ainda assim desempenhar o ministério que lhes era proposto. O mesmo se dava a João Batista, Paulo e João.  Segundo Jesus, em Mateus 19, alguns homens estavam impossibilitados de se casar devido a problemas de nascimento, outros devido a circunstâncias externas causadas por determinadas situações e por fim, havia aqueles que preferiam não se casarem a fim de viverem de forma integral para o Reino de Deus. É o que Paulo defende amplamente em 1 Coríntios 7.

Vale salientar que isso só é possível devido ao próprio caráter do casamento que tem como fim principal apontar para o relacionamento de Cristo com a Igreja, sendo, portanto, uma realidade temporária, não mais existindo na eternidade, como o próprio Jesus afirma aos saduceus em Mateus 22.23-34. Desse modo, ao permanecerem solteiros a fim de se dedicarem ao Reino de Deus, os cristãos dão um testemunho que o casamento não apenas é temporário, mas também que é possível ser totalmente satisfeito em Deus apesar de todas as circunstâncias. Sem falar que um dia eles terão um casamento totalmente glorioso: as bodas do Cordeiro.

Como visto, a ideia do celibato é algo presente em toda a Bíblia e com um propósito claro de glorificar a Deus. Durante os primeiro anos do Cristianismo, a Igreja conseguiu compreender bem essa realidade e não é sem razão que grande parte dos grandes teólogos desse período eram celibatários como Santo Agostinho. Entretanto, com o passar do tempo a Igreja Católica deturpou esse ensino bíblico e o institucionalizou de uma forma completamente errônea. Em contrapartida a esses abusos, a Reforma Protestante e os puritanos deram grande ênfase ao casamento como instituição divina, algo realmente bíblico. Entretanto, o nosso esforço como Igreja deve ser analisar todas as coisas de acordo com a Bíblia e não simplesmente pela tradição ou pelos costumes da nossa época e cultura. Assim, chegamos à conclusão que não, nem todos devem se casar, mesmo que sejam poucas as exceções à regra do casamento, exceções essas que são postas pelo próprio Jesus.

Igor Sabino
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