COMO ERAM OS PURITANOS… E O TRABALHO?

Tenho observado que há muitos equívocos cometidos no que se refere à fé cristã e o trabalho, equívocos esses cometidos tanto por quem professa a fé cristã como também por aqueles que não o fazem. Há quem defenda que nós, os cristãos, pensamos que o trabalho é algo ruim, que é uma maldição, e assim vai; tem quem pense também que nós buscamos o dinheiro de maneira exagerada, gananciosa e sem escrúpulos, etc. Não existem verdades mais equivocadas do que essas. É precisamente sobre a relação do cristianismo com trabalho que esse texto vai buscar exemplificar com a vida dos puritanos.

O primeiro ponto que gostaria de destacar é que, para os Puritanos, não existia diferença entre o trabalho “secular” e o trabalho “sagrado”, ou seja eles acreditavam que todo trabalho é uma “arena para glorificação e obediência a Deus e expressão do amor pessoal (através do serviço) ao seu próximo” (RYKEN, p. 40). Esta forma de pensar batia de frente com um pensamento que já era manifesto no Talmude Judaíco e posteriormente no catolicismo romano medieval, que exaltavam o trabalho “sagrado” em detrimento do trabalho “secular”. De um modo geral, pode-se dizer que os puritanos defendiam a santidade de todos os tipos de trabalho.

O objetivo puritano era servir a Deus,

 não somente no trabalho no mundo,

Mas através do trabalho.

 Leland Ryken

 

Outro ponto que pode ser destacado sobre os puritanos é o seu conceito de chamado. Eles acreditavam que cada pessoa tinha um chamado, uma vocação, que fora ordenada por Deus para o bem comum. A ideia, na perspectiva puritana, é que o trabalhador “é um mordomo que serve a Deus” (RYKEN, 1992, p.42), visto que é o próprio Deus quem chama a pessoa para o seu trabalho; além do mais, trabalhar naquilo que foi chamado significa trabalhar debaixo do olhar de Deus.

Outro detalhe importante de se salientar é que no senso comum se crê que os puritanos acreditavam que a riqueza era a recompensa máxima pelo trabalho, e também, que sua prosperidade era sinal de santidade. As recompensas do trabalho para os puritanos eram bem morais e espirituais. Isto é, o bem-estar do outro é mais valorizado que o meu próprio, o que significa que se deve fazer todo bem que possa, em especial à igreja e comunidade. Os puritanos defendiam que se entre dois trabalhos que você deve escolher, um oferecer maior beneficio a riquezas e outro beneficia mais a alma, o segundo deve ser a opção escolhida; e constantemente falavam do perigo da ganância.

Depois desse resumo – diria que um tanto quanto grosseiro – dos puritanos em relação ao trabalho, gostaria de destacar alguns pontos. Primeiramente, o homem tem um chamado, portanto não tarde em cumpri-lo. O ócio era algo bastante criticado pelos puritanos: “É suíno e pecaminoso não trabalhar”, disse Richard Baxter e também concorda Arthur Dent: “[ociosidade é] a própria ferrugem e o câncer da alma”.  

Em segundo lugar, busque com diligência descobrir qual o seu chamado. Os puritanos nos deram algumas dicas de como descobrir qual vocação é a minha, fugindo do misticismo eles dizem que “preferiam confiar em tais coisas como ‘os dotes e inclinações internos’, ‘circunstâncias externas que podem levar… a um curso de vida em vez de outro’, o conselho de ‘pais, guardiões, e em alguns casos magistrados’, e ‘a natureza, a educação e os dons… adquiridos’.” (RYKEN, 1992, p. 43).

Em terceiro e ultimo lugar, faça o seu trabalho com excelência e prazer. Deus é seu supervisor e também é quem é glorificado no seu trabalho. Um trabalho feito com qualidade e prazer trás glória a Deus. Não se deve pensar em trabalho como maldição, mas um meio de graça de Deus sobre nossas vidas.

 

Referência:

RYKEN, Leland. Santos no mundo – como os puritanos realmente eram. São José dos Campos: Ed. Fiel, 1992

Lucas Dantas.
Facebook: https://www.facebook.com/LucasDantas19

 

 

 

Um comentário sobre “COMO ERAM OS PURITANOS… E O TRABALHO?

  1. Jesus ensina a trabalhar para a glória de Deus, visando não apenas a subsistência, mas também a oportunidade de adornar o serviço cristão no mundo. No trabalho, temos chances de levar pessoas a Cristo, conforme nossa obediência e santificação. Também, através de nossa própria renda, podemos acudir aos necessitados, contribuir materialmente para o avanço do reino de Deus na terra, sustentar a nós mesmos e granjear amigos, pela justa administração de nossos bens.

    Quando trabalhamos na seara do Senhor, somos recompensados. Ele faz com que não vivamos em vão. Nossos dons são para refletir a multiforme sabedoria de Deus. Sejamos sal e luz, representando bem a Cristo como seus embaixadores, onde ele mesmo nos plantar como seus servos.

    O trabalho neste mundo, ainda que nos aflija – mais ainda aflige não ter onde trabalhar – coopera para que Deus conforme o nosso caráter à imagem de Cristo e dá-nos o privilégio de ter a alegria de ofertar tempo, recurso e vida a quem amamos.

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