O desejo de agradar aos outros e o serviço Cristão

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Começo o texto com uma confissão: eu sou uma pessoa que gosta de agradar os outros. Agora você pode pensar: “que perfeito Laryssa, esse é o espírito cristão.”, deixa eu te dizer que não, nem sempre. Esse desejo, que parece ser justo, pode esconder muitas vezes o seu lado pecaminoso.
Diante das leituras que faço sobre vida cristã, estou no momento lendo o livro O desejo de agradar outros, do presbítero Lou Priolo, publicado pela editora Nutra (<3) e então comecei a refletir sobre esse tema.

Algo que amo em livros sobre vida cristã é o insight que alguns autores fazem que nos alertando de situações, seja um comportamento, palavra, uma atitude, que são boas, mas que podem se tornar ruins pela maldade do nosso coração. Aquela velha motivação que há, seja boa ou ruim, por trás dos nossos atos.

Lou Priolo escreve: “Desejos bons e lícitos se corrompem quando são desejados excessivamente”.

O servir cristão é abrangente em toda a Escritura, podemos observar a seguinte passagem que nos mostra Cristo como Senhor e servo, onde devemos buscar o nosso exemplo:

Filipenses 2.5-7. Tendo em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou.

As motivações e a corrupção do coração

Se tem algo que temos que refletir são sobre as nossas motivações envolvendo todas as áreas da nossa vida. Vivemos em uma época onde se exalta o altruísmo, segundo o Wikipédia altruísmo é: “um comportamento encontrado nos seres humanos onde as ações voluntárias de um indivíduo beneficiam outros”. Existe até quem defenda um tipo de “altruísmo cristão”, com base na reflexão de que “servir aos outros enche a alma de prazer em Deus”. Entendo claramente que com as motivações corretas, o nosso serviço, além de agradar ao Senhor, nos dará prazer, mas vamos refletir melhor sobre esse ponto.

Temos que refletir sobre qual motivo gostamos de agradar aos outros com relação ao servir cristão:

Gosto de saber que minha presença, e serviço, é necessário ao outro

Quantas vezes não nos pegamos pensando que sem a nossa “mãozinha” aquele trabalho não vai caminhar? Quantas vezes ficamos chateados quando percebemos que os outros estão servindo, em áreas de destaque, onde nós é quem deveríamos estar? Muitas vezes não é?
Pensar que sou necessária para realizar determinado trabalho me dá uma sensação de prazer, pensar que preciso mostrar o meu talento e encaminhar determinado assunto para alguém, na igreja, ou por exemplo com relação a um grupo de estudos, me dá prazer pois gosto de pensar que meu trabalho é signicativo, então minha presença e oportunidade de agradar ao outro aumenta.

Muitas vezes a motivação do desejo de agradar vêm do fato de acreditar que sou necessária para que o outro se sinta bem, que se não for “eu quem resolva”, nada vai se resolver naquele sentido.

Gosto de receber um retorno pelo o que fiz

Outro motivo que reflete a corrupção do nosso coração é agradar aos outros simplesmente por esperar um retorno pelo o que fez para com essa pessoa. Se aconselhamos alguém de acordo com o que os ouvidos dela queriam ouvir, ficamos felizes porque não confrontamos o pecado dela, na verdade não precisamos nos desgastar com o assunto. Se somos mediadoras de algum conflito entre amigos, nos sentimos necessárias, mas isenta de culpa do problema ou não passível de errar dessa forma, vestindo uma roupa de juíza, mediando o conflito, segundo os meus interesses, exortando e esperando que as pessoas analisem e mudem, e que depois de se resolverem, nos elogiem por termos sido sábias em ajudá-las a mediar o conflito.
Quando nos engajamos em algum trabalho que seja difícil, sem a motivação correta, ficaremos insatisfeitas se não tivermos o reconhecimento ao final de tudo. Isso nos impedirá de servir novamente em algum outro momento com a satisfação devida.

Lou Priolo diz: “Assim acontece com você. Quer você o faça conscientemente, ou não, quando suas motivações são agradar aos homens e não a Deus, você não está ansiando ser recompensado pelo seu Pai que está nos céus, mas para ser visto (e recompensado) pelos homens. Você não está só bancando o tolo, mas também sendo hipócrita.”

As motivações e o desejo de agradar a Deus no servir

Deus sabe das nossas motivações

Quando nos engajamos em algo e estamos com a motivação correta, ficamos satisfeitas, quer seja com reconhecimento, quer seja sem, porque sabemos que o nosso serviço foi para agradar ao Senhor e glorificar o seu Nome.

Deus sabe do que precisamos

Deus sabe que não precisamos servir a ninguém com as motivações erradas, que se servimos assim não agraderemos à Ele, sabe que o nosso desejo de agradar outros, com a atitude pecaminosa, de nada vale diante dos seus olhos.

João 12.26. Quem me serve precisa seguir-me; e, onde estou, o meu servo também estará. Aquele que me serve, meu Pai o honrará.

Somente Deus quem pode ser glorificado

Amei isso que Lou Priolo disse: “A única esperança que você e eu temos de agradar as pessoas é apresentando a elas o Único que pode realmente agradá-la e satisfazê-las: O Senhor Jesus Cristo”.

Quando servimos corretamente, com o coração centrado no Senhor, Ele é glorificado. Assim deve ser a motivação do nosso serviço, sempre entregando nas mãos dEle o trabalho e apresentando à Ele o louvor devido.

Falei muito em NÓS porque quero pensar que não estou sozinha nesses pensamentos, quero pensar, e nos fazer refletir, que podemos nos render à Cristo e clamar pela libertação do desejo pecaminoso de agradar os outros, deixando de lado o servir permeado de motivações erradas, passando à servir, como Cristãs, da maneira devida e abençoadora.

Para finalizar mais uma citação do livro do Lou Priolo para a nossa reflexão: “Um coração de servo é uma atitude que busca servir aos outros – não por motivos egoístas como o desejo de impressionar as pessoas (para que elas gostam de você) ou por medo de ser rejeitado se elas não forem mimadas, mas para o bem delas e a glória de Deus. É um espírito de querer fazer aquilo que é melhor para os outros à luz da eternidade. É dar sem esperar nada em troca, de quem quer que seja. É servir, sabendo que sua recompensa por tal serviço será dada a você não por homens, mas por Deus – não necessariamente nesta vida, mas na próxima. Assim se você aprender a servir aos outros não por autoexaltação, mas porque você ama a Deus e ao próximo, poderá simplesmente descobrir uma alegria totalmente nova em servir, a qual até então você nunca conheceu”.

Deus vos abençoe em Cristo Jesus.

  • Laryssa Lobo (@laryssalobo_ )

 

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