50 ANOS DO ASSASSINATO DE MARTIN LUTHER KING JR. (1929-1968): O LEGADO DE UM CRISTÃO ATUANTE NA ESFERA PÚBLICA

“Em 1863, a Proclamação da Emancipação a cargo de Abraham Lincoln pôs fim à escravidão nos estados nortistas unionistas. Dois anos depois, com a Guerra Civil terminada e a Confederação escravagista derrotada, os milhões de escravos que labutavam duramente nos campos de algodão no Sul ansiavam por uma nova era de liberdade.

Por algum tempo, pareceu que essa era chegara. Apesar da violenta objeção no Sul, as tropas federais de ocupação protegiam o direito da população negra à liberdade e ao voto. Em 1877, porém, as tropas se retiraram, deixando o Sul nas mãos de políticos democratas radicais chamados “os Redentores”.

Eleitores negros eram impedidos de se registrar. Organizações racistas paramilitares como a Ku Klux Klan formaram esquadrões de linchamento. A seguir, uma série de leis segregacionistas separou vagões de trem, cafés, bebedouros e salas de espera para uso exclusivo dos cidadãos brancos.

Nesse país marcado pelo apartheid nasceu Martin Luther King Jr. Filho de um respeitado pregador batista e ativista de direitos civis, não é de surpreender que desde cedo Luther King manifestasse uma “ânsia interior” para “servir a Deus e à humanidade”. Em 1955 ele já tinha um doutorado em teologia e seguia os passos do pai na Igreja Batista.

Em 1963, com seus talentos poderosos como orador, Luther King já era um líder do movimento crescente pelos direitos civis, exigindo o fim da segregação e da discriminação legal. Posteriormente, no verão desse ano, organizou uma marcha pacífica que reuniu cerca de 200 mil pessoas em Washington, onde, à sombra do Lincoln Memorial, fez o célebre discurso: I Have a Dream (Eu Tenho um Sonho).

Graças a seu discurso, os políticos em Washington passaram a dar atenção à causa negra. Em 1964, o governo dos Estados Unidos finalmente aprovou a Lei de Direitos Civis selando o término oficial da segregação. Um ano depois, a Lei sobre o Direito ao Voto acabou com a proibição de os afro-americanos votarem.

Segundo Wayne Grudem, “as convicções cristãs de Martin Luther King Jr tiveram influência expressiva sobre a proibição da segregação e da discriminação racial nos Estados Unidos”.

A luta, porém, não terminara, pois, a discriminação ainda era corrente. Desiludidos, muitos ativistas negros rejeitavam os preceitos de não violência de King e defendiam um tipo de luta mais militante.

Em 1968, Luther King já exercia menos influência, mas continuava otimista. “Isso não importa para mim agora”, disse ele em um discurso para seus seguidores, “pois eu estive no topo da montanha e vi a Terra Prometida. Talvez eu não chegue lá com vocês, mas quero que vocês saibam esta noite que nós, como um povo, chegaremos à Terra Prometida.

No dia seguinte, 04/04/1968, 50 anos atrás, quando estava na sacada de um hotel em Memphis, Martin Luther King Jr., então com 39 anos, foi alvejado e morto por um segregacionista branco”. [1]

Seu legado é um claro exemplo de como um cristão engajado na vida política pode trazer, através da sua cosmovisão, benefícios incontáveis para a humanidade, conquanto isso tenha custado a sua própria vida.

[1] Trecho adaptado do livro “Discursos que Mudaram a História” de Ferdie Addis.


Rafael Durand Couto
Membro da Igreja Congregacional Zona Sul de Campina Grande – PB. Bacharelando em Direito pela Universidade Estadual da Paraíba. Assessor Jurídico da Associação Nacional de Juristas Evangélicos – ANAJURE. Secretário-geral do Instituto Paraibano de Direito do Trabalho. Membro no NEPC³ – Núcleo de Estudos em Política, Cidadania e Cosmovisão Cristã.

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